FRASES 

Declarações por uma movimentação cívica


Sarsfield Cabral (Jornalista)
A única esperança séria de melhorar a qualidade dos media em geral e da informação em particular é termos um público mais crítico e por isso mais exigente. Só acredito em soluções pelo lado da procura (e não da oferta) para travar a boçalidade militante que grassa sobretudo nas televisões, onde se desvanece a fronteira entre informação e promoção comercial.
(Público, 24/03/2001)

António Reis (deputado do PS):
Também no audiovisual não podemos permitir que seja a selva a reinar impunemente.
(Público, 17/05/2001)

José Manuel Fernandes (director do Público):
Estamos chegados a um momento em que talvez já não baste protestar e mostrar indignação; ... acabou-se o tempo de encolhermos os ombros, de sorrirmos alheados, de olharmos para o lado fingindo não ver, de gritarmos apenas a nossa indignação; alguma coisa mais substancial tem de ser feita para que ... o ainda pior não suceda ao pior.
(Público, 17/05/2001)

D. Januário Torgal Ferreira (Bispo das Forças Armadas):
Com estes programas de televisão, o 25 de Abril está a ser vilipendiado.
(24 Horas, 17/05/2001)

Mário Castrim (crítico de televisão):
Em 40 anos de televisão, nunca vi nada tão humilhante.
(24 Horas, 17/05/2001)

Barros Moura (deputado do PS):
Chegou o momento de dizer basta ao lixo televisivo. ... O debate parece, finalmente, lançado e alargado na sociedade portuguesa. Não era sem tempo! Direi mais, há muito que se justifica um levantamento cívico, uma forte mobilização dos cidadãos contra esta lógica infernal e implacável. ... Temos a responsabilidade comum de defender o nosso sistema democrático e os valores da nossa civilização contra o individualismo feroz e a barbárie que nos chegam pela televisão. ... O problema é político, exige uma tomada de consciência colectiva. ... Apelamos desde já à mobilização cívica contra o lixo televisivo e ao combate político pela liberdade de expressão, pela cultura e em defesa do nosso sistema democrático.
(intervenção na Assembleia da República, em 17/05/2001, parcialmente reproduzida no Diário de Notícias e no Público, 18/05/2001)

Fernando Rosas (deputado do Bloco de Esquerda):
Não se iludam, ainda não batemos no fundo: vai ser bastante pior, com as ilhas e outros que tais.
(intervenção na Assembleia da República, reproduzida no Diário de Notícias, 18/05/2001)

Miguel Reis (jurista especializado em comunicação social), aconselhou:
Desligar o televisor!
(Diário de Notícias, 18/05/2001)

Jorge Coelho (deputado do PS):
Vivemos em Portugal um período muito complicado ... com o que se passa nas televisões; ... a lógica empresarial passou a ser apenas a da destruição.
(Euronotícias, 18/05/2001)

Eduardo Prado Coelho (colunista):
Precisamos de mobilizar esforços para criar uma opinião pública activa em Portugal.
(Público, 18/05/2001)

Paquete de Oliveira (sociólogo):
Os líderes de opinião devem criar uma campanha eficaz, no sentido de apelar à consciência das pessoas.
(Jornal de Notícias, 18/05/2001)

Gustavo Cardoso (docente de ciências da informação no ISCTE):
Se o nosso papel é o do público assistindo ao espectáculo dos gladiadores, então também nós temos uma responsabilidade final. Se o público abandonar as bancadas, não haverá mais razão para os gladiadores televisivos se baterem na esperança da partilha do triunfo.
(Público, 19/05/2001)

José Queirós (colunista):
Não é verdade que nada podemos fazer senão apertar o nariz e tapar os olhos, recorrendo ao telecomando para evitar a náusea. Há muitas formas de boicotar, mais ou menos selectivamente, a SIC e a TVI. De desincentivar os seus patrocinadores e anunciantes. De testemunhar publicamente - e organizadamente - o nosso desagrado. ... Seria ainda melhor que algumas figuras públicas respeitadas - comentadores políticos e políticos comentadores incluídos - entendessem dever deixar de caucionar, com a sua presença, os ecrãs da TVI e da SIC, enquanto não surgissem sinais convincentes de alguma vontade para conter os desmandos em curso. ... Resta-nos esperar que alguém ponha os dois meninos - SIC e TVI - de castigo por uns dias, a ver se aprendem algumas regras de educação.
(Público, 24/05/2001)

José Carlos de Vasconcelos (jornalista):
Só com coragem - dos homens públicos, dos jornalistas, de todos os que têm princípios e responsabilidades - se pode acabar com a actual situação das televisões e impedir que ela piore; ... creio chegada a altura de políticos de todos os quadrantes fazerem um pacto para uma acção consensual neste domínio.
(Visão, 24/05/2001)

Maria João Avillez (jornalista):
A anemia de um país vê-se assim: apela-se à "intervenção" e clama-se por "medidas" perante o espectáculo das televisões, deixando comodamente essa "sale besogne" a cargo de uma qualquer entidade. Mas talvez tenha chegado o momento de discorrer que é connosco, com cada um em particular e organicamente com todos.
(Expresso, 26/05/2001)

Maria Barroso Soares (Presidente da Cruz Vermelha Portuguesa):
Neste momento, quero sobretudo fazer um apelo aos empresários e anunciantes na televisão: são eles que podem ter um papel decisivo na inversão da qualidade dos programas. ... Mas todos nós, cidadãos, devemos assumir a responsabilidade. O exercício da cidadania assim no-lo pede e até exige.
(Diário de Notícias, 26/05/2001)

Eduardo Cintra Torres (crítico de televisão):
O nosso fraco Governo nada faz, com medo da TV (não está o Governo nas cadeiras da SIC Notícias?). ... Com as privadas em guerra sem convenções de Genebra, com a RTP sem capacidade de reagir, com um Governo e um Parlamento que preferem aparecer no ecrã a resolver problemas por trás do ecrã, com uma Alta Autoridade que acorda tarde demais, resta apenas a vontade, eventual, de a própria sociedade protestar contra o estado do nosso sítio, fora das suas próprias estruturas anquilosadas, partidárias ou outras. Nisso, ao menos, seríamos um país moderno.
(Público, 28/05/2001)

Arons de Carvalho (Secretário de Estado da Comunicação Social):
É necessária uma movimentação cívica a favor de uma televisão de qualidade.
(Público, 28/05/2001)

D. José Policarpo (Cardeal-Patiarca de Lisboa):
Neste momento, está-se a bater no fundo. Espero que a sociedade reaja. Qualquer coisa tem que ser feita para devolver à televisão a sua função social.
(Público, 29/05/2001)

João Caraça (Cientista):
Temos o poder da televisão connosco. Se os canais comerciais nos querem afinal dizer que entendem que o nosso nível intelectual e moral é tão baixo como o dos programas que livremente nos oferecem, podemos sempre surpreendê-los boicotando activamente os produtos das empresas patrocinadoras desses programas. Podemos, e devemos, não comprar mais os produtos cuja marca esteja associada à exploração reles das emoções mais recalcadas. ... Temos a obrigação de não transmitir esta inacção, esta renúncia aos novos. ... Temos que os fazer participar no aperfeiçoamento da democracia e ser capazes de lhes mostrar o porquê da necessidade dessa participação. ... Os dirigentes políticos de boa vontade não podem escusar-se a participar nesta luta por um futuro melhor: a doença das televisões loucas é um sintoma do desnorte que campeia por este mundo.
(Jornal de Letras, 30/05/2001)